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padre Floris

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dom José Maria Pires - uma homenagem.

Esta semana - desde segunda 21 até hoje, quinta 24 estive em retiro e o pregador foi Dom José Maria Pires. Admiravel vê-lo em seus 91 anos e com sua grande disposição, sua espiritualidade, suas experiencias. Entrevista - Dom José Maria Pires Entrevista - Todos os dias são assim: Ele levanta às 5h da manhã, faz suas orações e vai à academia. Uma hora de exercícios. Trinta minutos de musculação e trinta minutos de esteira. Volta para casa, toma o seu café da manhã e vai trabalhar na horta que tem em casa. Almoça e começa a cumprir os compromissos de sua agenda. Com mais de 90 anos essa é a agitada rotina de Dom José Maria Pires; Bispo Emérito da Paraíba, defensor dos negros e dos mais pobres. Veja aqui nossa entrevista exclusiva e saiba de outras histórias interessantes de Dom José. Comunicação: Por quê o senhor também é conhecido como Dom Pelé e Dom Zumbi? Dom José: Na época em que assumi o Episcopado era o único negro. O jogador de futebol Pelé estava no auge de sua carreira. Um dia eu e um outro bispo bem gordo e bonachão chegamos atrasados para uma Assembléia. Então, alguém falou: - Chegou o Feola* e o Pelé. O apelido de Feola não deu certo, mas o de Pelé, pegou. Quem me deu o apelido de Dom Zumbi foi o Bispo Dom Pedro Casaldáliga. Estávamos na Serra da Barriga, em Alagoas, sede do Quilombo dos Palmares e Dom Pedro gritou, lá do alto, que eu era o Bipo Zumbi. Perguntei porquê e ele respondeu porque Zumbi teve um compromisso sério com os negros e que Pelé só era famoso e conhecido, mas não era compromissado. *Feola treinou a seleção brasileira de 1958, campeã do mundo na Suécia, e a de 1966, que disputou o título na Inglaterra. Seria o técnico em 1962, mas adoeceu e foi substituído por Aymoré Moreira. Comunicação:Por quê em 1995 o senhor renunciou ao cargo de Bispo da Paraíba? Dom José: Nessa época atingi a idade de 75 anos e de acordo com normas do Vaticano, temos que renunciar ao cargo. Pedi minha renúncia quando fiz 75 anos e fiquei aguardando no posto. Só quando completei 76 anos recebi a renúncia. O meu sucessor foi Dom Marcelo. Um grande homem, intelectual e apaixonado pelas artes. Reformou a catedral toda, logo quando chegou. Eu já não tinha mais energia para fazer o que ele fez. Mesmo com a renúncia, continuamos trabalhando, só que sem as responsabilidades que o cargo implica. Comunicação: O senhor atuou bastante na época da Ditadura militar. Como foi viver essa época. Dom José: Não tinha medo da censura. Falava sempre que era chamado. Fui paraninfo de muitas turmas que queriam ouvir minha fala de igualdade e solidariedade. Na época, como não se podia escrever ou publicar nada, utilizada só a oratória. Nunca fiquei calado. Comunicação: O senhor já foi preso pela ditadura? Dom José: Aconteceram dois casos muito interessantes. Eu sempre dei muita sorte. Uma vez ligaram para minha casa e perguntaram por mim. A pessoa que atendeu o telefone disse que estava viajando. Então, o policial do outro lado disse: - Ele deu muita sorte. Porque estávamos indo até aí agora “esvaziar os pneus dele.” Outra vez fui fazer uma visita pastoral à uma reserva indígena e me disseram que eu deveria pedir autorização para o tenente para poder entrar. Eu disse: - Não tenho que pedir autorização. Vou fazer uma visita religiosa. Desmarquei com um grupo de senhoras que me acompanharia e marquei com um rapaz. Paramos o carro na barreira e o policial pediu os documentos. Entreguei os documentos, ele olhou, olhou e no fim consegui passar.

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